terça-feira, 28 de agosto de 2012

AS ODIÁVEIS E PATETICAS MUSICAS DE CAMPANHA


As pessoas comuns que vivem e trabalham em Parauapebas são assediadas diariamente por canções horríveis, sem criatividade, patéticas. Musicas de campanha, numero um dos itens ou produtos para  os meliantes políticos ou candidatos e tal,  comprarem  o eleitor incauto. São bem um retrato especial do rito de passagem que cidadãos comuns, aspirantes a políticos estão se submetendo. E vemos uma tragédia em dois atos acontecer. Por si, estão se transformando de cidadãos  repletos de boa Fe, em zumbis, como temos dito. Estão roubando direitos autorais, impondo horrores aos ouvidos de nos, pobres mortais. É um sarau de demônios, de malucos de toda estirpe, de horrores dantescos. É bem o retrato do que farao amanha, quando eleitos nossos representantes.
O partido no poder esta roubando os direitos intelectuais (?) da dupla famosa, e indiretametne estão usando  a imagem do pipoqueiro Neymar, porque as notas remetem à imagem do jovem e magrelo dançarino. Não dão o exemplo e espalham a todos os candidatos, carros e idéias desta campanha desumana. E interessante, é bem a imagem sem vergonha desta dupla que se amarram num abraço de afogados. É o mais completo descaramento de Coutinho e Bel Mesquita.

A musica da trupe do Valmir da Integral é o retrato da falsidade de sua imagem e campanha. Horror dos horrores, sua liderança ameaça ganhar as ruas, corações e mentes de uma cidade despreparada. Estaremos entregando os cordeiros a sanha dos lobos que este personagem traz consigo. Sua musica canta o restante da destruição que vamos assistir, se os dados se confirmarem em outubro próximo.

Chico das cortinas, Rui Vassourinha e os demais candidatos não merecem comentários a idiotice que suas musicas pregam aos quatro cantos da cidade.

O candidatos  a vereadores, natimortos pela própria arrogância e incapacidade de julgamento, revela a todos o caráter de sua campanha e intenções: ladrões, covardes, sem gosto ou senso estético. Suas musicas apregoam o que farão após outubro. Acabarão de destruir a cidade. É um pessoal que não pensa e  não conseguem construir o novo.
Procuramos pelo juiz eleitoral, que proibiu a propaganda na TV, destruindo a possibilidade de revelações, nivelando a campanha por cima, ao nível do PT. Porque não se proibiu os carros de som, estes indecentes e malucos veículos que tanto atrapalham o transito e nossos ouvidos? Vai entender nossas autoridades de ocasião. Sem TV não teremos uma campanha com novas possibilidades. É uma campanha encomendada.

Pelo que se desenha até este momento, o jogo será este, a manutenção do status quo. Pelo menos as crianças inocentes vão de divertir com seu puxa-puxa, de santinhos dos tresloucados e malandros candidatos a qualquer coisa que esta democracia que obriga por lei e sanções o voto, quer fazer acreditar que este é o melhor sistema. Da nojo!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

ALGO DE NOVO EM CARAJAS


O que esta provocando este terremoto social em relações tão claramente demarcadas?

Há meses somos surpreendidos quase cotidianamente por massivas e silenciosas paradas e bloqueios na portaria da VALE em Parauapebas. Na principal porta de acesso a Mina de N4, varias empresas são surpreendidas por jovens e novas lideranças, sindicatos colocados à parte, não são mais confiáveis, assumindo o papel de interlocutores, renegando os acordos sindicais conchavados.
Estas paralisações, como já postado, atravancam a vida de Parauapebas. E acontecem de forma repentina, rápida e na forma de impasse: não deslocamos, queremos negociar e obter. Ficamos surpresos que, numa região onde inteligentes e capacitados advogados, lideres sindicais e chefes de RH desdenham nossa consultoria de conflitos, permitiram consolidar a percepção de que algo não vai bem na USINA ATRÁS DO MORRO, parafraseando J.J.Veiga.  Demonstram que não tem um plano de contingência para estas situações e, apesar da repetição, estamos vendo o mesmo filme há mais de quatro meses. Todos são surpreendidos. Nos temos uma visão e uma estratégia em como lidar com esta nova situação.


MUDANÇA DE CENARIO
Dentro do contexto do atual movimento salarial brasileiro, com grande parte do funcionalismo publico em greve e em face as violentas e transformadoras mudanças na economia, o grande capital sempre atrasado, não se preparou para atender possíveis reivindicações e cobranças por parte da massa assalariada. Estas negociações deveriam ter acontecido la atrás, quando se tinha uma perspectiva melhor da economia mundial. Agora vem um pouco tarde. Na verdade, vem  na esteira das grandes obras do PAC, do  esforço exportador de bens primários e claro, do canteiro de obras e seu espraiamento pelo economia como um todo alem das obras da copa do mundo e das olimpíadas. Se vamos dar conta, ninguém sabe. Se os fundamentos econômicos da nação são realmente sólidos, é agüentar os testes. Os recursos estão alocados, somos a quinta economia do mundo.

IDADE MEDIA
Evoluimos como economia, obtendo posições no ranking mundial mas estamos ainda na idade media como sociedade. Baseado num modelo altamente concentrador de renda e melhorias, com a pobreza sendo reduzida lastreada na distribuição aleatória do bolsa família e outros programas sociais, não temos uma sustentação lógica e a prova de testes de crescimento econômico. As premissas lógicas de crescimento sustentável passam ao largo da nossa evolução: a população continua analfabeta, temos menos universitários que a Bolívia, não há atendimento de saúde publica, o aparato repressor do estado tem a brutalidade do regime sírio, a discriminação racial é parte integrante da escalada econômica, as crianças estão em escolas de péssima qualidade, os preços são altos e exorbitantes. Não se entende de planejamento, de custos ou de poupança. E é neste contexto que devemos analisar os recentes acontecimentos na portaria da VALE e em toda Parauapebas.
  
REAÇÃO TARDIA
É um momento histórico para a região do Projeto Carajás. O pacto negociado não esta mais funcionando. Será necessário uma nova direção, novos atores e novo foco. Acreditamos que  a solução para este novo momento onde, quando parada a portaria da VALE todos saem perdendo, sejam negociações  de alto nível, incluídas as novas lideranças.  Foi em conversas com um desses novos lideres a respeito de um novo movimento sindical, sem peleguismo ou negociações espúrias que tivemos acesso a dimensão dos novos fatos: “....estávamos em reunião com a empresa, eu e meus companheiros, quando adentram um tal de Canindé, acompanhado de Rômulo, acreditamos que seja um advogado. Logo trataram de desqualificar nosso movimento e representatividade, alegando serem representantes do sindicato. Nunca ouvi falar deles. Depois descobri que eram representantes da categoria e haviam negociado a miséria que estávamos rejeitando”. Canindé é líder sindical há 20 anos, à frente do famigerado Sindiclepemp. Fica ai a vexatória explicação: todos os lideres sindicais fazem a política de apadrinhamento. Estão diretores há duas décadas, portanto acostumados a negociar com empresas e se acostumaram aos cargos.  Não são mais representantes da categoria, nem na área de trabalho vão, há anos. Algo de novo precisa acontecer, nem que seja esta reação tardia de agora. Um sindicalismo moderno, baseado na negociação, em nova legalidade e resultados.

MOVIMENTAÇÃO CONSTANTE
Diante de acordos salariais que constam plano de saúde apenas para o titular, cestas básicas no valor de 170 reais e outras loucuras locais, não tem como manter a calma e a mina funcionando.  Depois de decisão da justiça trabalhista de Parauapebas, ordenando a VALE a pagar 300 milhões referentes a danos morais e horas intinere, parte aos trabalhadores, parte a obras sociais, a situação esta se tornando sem controle, como vemos nos últimos meses.

Todos perceberam, pelo tamanho da multa, que algo esta muito errado com seus salários. Apesar de ter sido iniciativa dos sindicatos, temos razões para entender ser muito mais interesse pessoal dos advogados envolvidos no caso. Este fantoche de horas intinere tem acolhida apenas no Brasil, onde o sucesso é vitrine e motivo de inveja e disputas pelo seu bem ganho ou gerado por seu trabalho.

O problema aqui é que as empresas, a VALE a frente, vêem desdenhando qualquer conhecimento que não o seu próprio. Relevam seus próprios funcionários ao entender que seus testes de admissão ultrapassados e sua relação de poder e comando são incontestáveis. Não são. Há inteligência e vida alem dos contrafortes da mina de Carajás.  As empresas precisam se estruturar para enfrentar os novos tempos. Um novo momento de negociações transparentes, baseada na nova economia: aumento substancial da despesa com pessoal, profissionalização da gestão, política de resultados com base na produtividade e na competência na administração de pessoas. Uma fase adulta e mais profissional nas relações  e negociações com sua mao de obra, razão dos sucessivos recordes de produção e exportação que fazem de Parauapebas a cidade de maiores vendas ao mercado externo e uma das cidades lideres em exportações no hemisfério sul. Algo merece e tem que ficar por aqui. Que seja melhores salários e melhores condições de vida.

HAVERÁ ESTRATEGIA OU VIDA INTELIGENTE DENTRO DAS EMPREITEIRAS?
Vem a calhar a observação. Decididamente não há.  Percebemos o desdém e menosprezo de todos perante a relação de trabalho que há com os prestadores de serviços e empregados, a massiva maioria oriundos do pobre e desolado interior do Maranhão. Primeiro, a humilhação de ter carteira carimbada pela bolsa de trabalhado de Parauapebas e titulo de eleitor local. Segundo, se submeter ao comercio dos cargos e vagas. Por 200 reais pode-se comprar qualquer vaga na própria bolsa. A submissão em filas intermináveis e, quando se livram da famigerada bolsa de trabalho, horas e horas, desconfianças e maus tratos na porta das empreiteiras que não se submetem ao esquema. Há dois vereadores na Camara de Parauapebas que  levam vantagem com a situação: Massud e Odilon. Diretamente. Estranhamente diretamente também, a oligarquia do PT local. Digo estranhamente porque esta não era a vocação original do Partido dos Trabalhadores. Em seguida os exames médicos. Não pode dar errado, aparecer qualquer doença, qualquer mal nestes exames.  São sumariamente descartados, nunca são encaminhados a tratamento. 
O psicotécnico que a principio eliminou trabalhadores, hoje se resume a uma entrevista  clinica e tudo bem. Depois vem o treinamento nos requisitos de atividades criticas. Sistema de admissão do trabalhador às minas de Carajás e região. São onze atividades e previnem acidentes na mina. Louvável e importantíssima exigência, mesmo porque a mao de obra local é incipiente. Mas ocorre um problema serio aqui. A maioria destes trabalhadores são semi-analfabetos, sendo uma elite detentora do segundo grau real, feito de fato em sala de aula ou supletivos. São trabalhadores rurais e semi-oficiais que buscam melhores condições de vida aqui. É um martírio para a maioria, mas vão se ajeitando e fazendo o possível até chegarem a  etapa final do processo seletivo, dois dias de introdutório, agora liderados pela própria VALE. Neste momento se confere a capacidade de interpretação de fato destes seres seriamente empenhados em subirem à mina. Após dois dias precisam de  nota e aprovação. Quase ninguém é reprovado. Porque, se quase todos são semi-analfabetos? Porque tudo foi adaptado a esta necessidade. Não há programa publico ou privado para se mitigar a situação.



 Depois de tudo isto, fica o funcionário sujeito e esperar a ordem de serviço que pode demorar de uma semana a três meses. Todo este processo pode demorar de uma semana a três meses. Estamos para trabalhar na área da VALE, a então maior mineradora do mundo. Não temos informações do tempo em outros países e nem temos comparativos de gestão para discutir de certo ou errado. Mas as pessoas não merecem e não deve, em lugar algum desse mundo, serem tratadas assim. Disso sabemos.

PODE-SE FAZER DIFERENTE
Todas as empreiteiras passaram pelo que a Construtora Rio esta passando hoje. Ontem foram a Multiserv, a UTC, Plamont. Amanha serão a Mactron, Makro ou qualquer das empreiteiras. Há algo de errado no processo de contratação da VALE, em todo ele.  Há uma forte mudança na relação de trabalho e mesmo nas relações sociais na região.

Carecemos e precisamos de estudos apropriados para se analisar o fenômeno que ocorre nesta região remota do Brasil. Não se tem papel para carteira de trabalho, um alistamento militar provoca filas quilométricas, uma simples carteira de identidade leva em media 30 dias para ficar pronta, isto quando tem material e é costume não ter. Uma consulta médica pública pode demorar até 48 horas em fila e um marmitex pequeno custa em media 10 reais. Terra dos imóveis mais valorizados do mundo, o sul do Para sempre foi terra de ninguém. Talvez uma região de interesses  espúrios e conchavos inconfessáveis, tem neste contingente de jovens, utilizados tal qual material de consumo, um novo exercito de peões famintos, saudosos e errantes. E empresas cada vez mais ricas e admiradas por recordes sucessivos de produção, por novos contratos  cada vez com maiores somas e políticos cada dia mais ricos e inalcançáveis. Afinal, quem se interessa pelo sul do Pará?

quinta-feira, 28 de junho de 2012

GESTAO EM XEQUE

PORQUE O MODELO DE GESTÃO DA VALE  EM PARAUAPEBAS ESTA  EM XEQUE




É do nosso conhecimento  que a sociedade organizada, as empreiteiras,  a cidade de Parauapebas e a própria  cúpula da VALE já entenderam que precisa haver mudanças no modelo de gestão de sua cadeia de suprimentos de serviços.  Numa relação caracterizada pela arrogância e excessivo exercício de poder, refletido nos contratos draconianos que todos os servidores são obrigados a assinar, a VALE  privatizada peca em diversos aspectos, originando um custo adicional para todos, especialmente Parauapebas. Não estamos falando da agenda tributária, esta é legal e obrigatória. Estamos falando da agenda social, humanitária, comercial e de valorização do ser humano. Não vamos abordar aspectos ambientais, ainda não, voltaremos neste tópico em momento apropriado.


Ao arrochar as empreiteiras em valores e custos impraticáveis no estado do Pará, a VALE esta criando, com total responsabilidade porque é uma empresa transnacional e que gera lucros crescentes e espetaculares para seus acionistas, uma situação insustentável do ponto de vista econômico, social e humanitário. Senão vejamos:

Econômico
Com salários vergonhosos para o padrão atual nacional, a VALE exige das empreiteiras um custo mínimo, ao mesmo tempo que patrocina uma serie de benefícios sociais e econômicos para seus funcionários. Assim as empreiteiras tem que gerir contratos e pessoas, constantemente confrontados com sua situação limite. Não podem aumentar salários, senão não conseguem auferir resultado de sua prestação de serviços




São 9:34 -  a portaria da VALE em Parauapebas esta ocupada, desde as 5 horas da manha. Os sindicatos estão mortos. São sindicatos de tudo, portanto  estão relativamente isolados e/ou comprometidos com a política da VALE em Carajás. Ou seja, diversas categorias profissionais, representadas por apenas três sindicatos. Assim se vê, soldadores sendo representados com técnicos de segurança e assim vai. Não dá. Não é possível estabelecer parâmetros de renda, para categorias tão diversas. Precisamos chamar mais atores para o palco das negociações e dos acordos coletivos. Precisamos de mais estudo e analise econômica para subsidiar salários e benefícios. Alias percebemos ao longo destes 20 anos que estudamos esta relação, VALE x trabalhadores, que nunca esteve tão delicada a formatação das contratações e salários. A própria VALE gaba-se de  que, com apenas uma hora trabalhada, seus peões paguem o próprio salário mensal (citar a fonte). A lucratividade é imensa. 

Mesmo porque, com o viés financeiro dado as operações da mina, a VALE se tornou muito valiosa. As transações econômicas envolvendo VALE nas bolsas do mundo são espetaculares. Quem ganha realmente hoje com a VALE nunca pisou numa mina, não sabe o que é arriscar a vida cotidianamente para ganhar a vida. E, de forma parca, resumida, pequena.  Não se tem rede bancaria decente as portas da mina. O peão recebe em contas, onde os bancos exigem um comprovante de endereço. Como a maioria é do Maranhão, portanto não tem residência com comprovante em seus nomes, são impedidos ou tem que retornar dezenas de vezes aos bancos. Aqui o Bradesco tem a ousadia de exigir a assinatura do contrato de locação presencialmente, num claro abuso de poder econômico. O peão tem que levar  o dono de seu condomínio ao banco ou ao cartório para assinar a declaração de residência. Isto para uma simples abertura de conta, para recebimento dos salários. É muita humilhação. Um banco do porte do Bradesco! Mas no Pará tudo é possível. E é muito fácil burlar este documento. A rigor não entendemos qual o valor atribuído pelo Bradesco a esta ida do proprietário ao cartório. O peão pode entregar o endereço hoje e mudar amanha, ou pode nem mesmo estar neste endereço.

Com a expansão econômica brasileira, vieram as diversas frentes de obras, as obras da copa, das olimpíadas, do PAC e tanto outras. A mao de obra, fortemente discriminada racialmente, com clara e superior ocupação em todos os cargos por pessoas de pele clara (alias, o governo precisa intervir neste quesito, temos elementos para acreditar que há na verdade um apagão de mao de obra de brancos. Há um enorme e significativo numero de pessoas de cor desempregada. Pessoas preparadas, com certificados e grau de instrução exigidos. As empresas não tem mais opção, precisam contratar negros e mestiços. Em Parauapebas, basta olhar nas filas do desemprego e nos ônibus da mina. Alias, qual a proporção das etnias na estrutura da VALE, uma empresa notadamente racista nas contratações?

Assim, vemos as empreiteiras parando na portaria da VALE em Parauapebas. Na verdade parando toda a cidade. As reivindicações, as mesmas de todo o ano: melhores condições de trabalho, melhores salários, melhor assistência social. Cada semana pára uma empresa. Os trabalhadores revoltados, sem liderança e sem direção. O que será das operações da mina de ferro em Carajás?

Social
Parauapebas é a Idade Media.  Apartir da portaria da VALE, que considero o marco zero da localidade, em qualquer direção que você for, em cinco minutos estará na Idade Media. Na própria Cidade Nova, local da portaria, não há água encanada. O sistema de esgoto é precário, não há hospitais que funcione, nada. Apenas as clinicas de saúde ocupacional estão faturando e ostentam aparência de lucro. O transito é caótico, há esgoto correndo a céu aberto. Em qualquer direção, por cinco minutos de carro, você verá fatos muito piores. Não há esgoto na cidade. O sistema de água foi feito pelo Chico das Cortinas, em 1996 e cobre menos de 10% da planta urbana.  As ruas são estreitas e mal planejadas. O canteiro central foi ocupado pela própria prefeitura, inutilmente. Não há lixeiras. Afastando um pouco mais, os loteamentos caríssimos tomaram conta da paisagem. A Buriti, loteou uma nova Parauapebas, sem compromisso de um metro de esgoto, um asfalto decente e um sistema de iluminação. Neste momento o endividamento na cidade é altíssimo, pressionando os salários para cima. O único hospital público esta em construção há oito anos e nem sinal de quando ficará pronto.

Os postos de saúde funcionam precariamente e as clinicas particulares não tem médicos suficientes. Nao há mercadorias nas lojas, no volume do consumo local. Os aluguéis são caríssimos e as habitações mal construídas, quentes, abafadas e mal acabadas. Os hotéis, sempre lotados,  tem seus preços nas nuvens. Se um familiar do peão adoecer ou se acidentar, vai morrer. Não tem uma UTI neonatal ou máquina de hemodiálise na região. A indústria da invasão é agenciada pelo próprio prefeito. Não há compromisso com o meio ambiente, haja visto a destruição das nascentes, encostas e mananciais, patrocinados pela expansão imobiliária. Morros são arrasados, encostadas destruídas e habitadas, ruas se acotovelando nos morros, praças e jardins abandonados.
 Não há lazer, apenas igrejas e bares. Um ou outro. A comida é cara, assim como os medicamentos e todo o básico para sobreviver. O que se ganha em Carajás, Sossego, Salobro e Bahia é muito pouco, em relação a media nacional. Os peões estão isolados, não há representatividade, os sindicalistas são pragmáticos e querem ganhos pessoais imediatos, as empresas desconhecem os custos reais para se operar no Pará e burras, não contratam consultorias de foco para orienta-las na composição de preços no local das obras. Não se conhece a cultura VALE para seu supllay chain.  A VALE precisa ajudar a construir Parauapebas. É de sua responsabilidade social sim, no meio da selva amazônica, ajudar a manter uma cidade que surgiu para servi-la. Nossos problemas explodem dentro da mina e mancham o minério exportado para o mundo.

Humanitário
É um apelo internacional. Os governos que consomem o mineiro de Carajás precisam conhecer melhor as condições de exploração desse material: Seus custos, visíveis e invisíveis, a total falta de sensibilidade da VALE para com o lado humano das pessoas. Uma cidade onde  tamanha riqueza é gerada, conviver com níveis alarmantes de miséria e isolamento?

Como a VALE permite uma gestão municipal incapacitada e inoperante? Como maior mineradora do mundo e com suas marcas de excelência de gestão, a VALE poderia tentar treinar e compartilhar conhecimento administrativo e financeiro com o executivo municipal.  Como empresa compromissada com o social, influenciaria na aplicação correta dos bilhões que são repassados anualmente para uma cidade que falta de tudo.

Questão humanitária porque há milhares morrendo todos os anos em razão direta da falta de leitos hospitalares, de falta de saneamento, de esgoto e água tratada, de médicos  e de hospitais minimamente capacitados. Humanitário porque, se houver problemas de rins e sangue, apenas em Marabá (quando há vaga no SUS) ou Belém. Perdemos  Arivaldo ano passado, por falta justamente de uma UTI com hemodiálise. Quantos são perdidos por ano? Humanitário porque são pessoas que importa. O homem é o centro do processo.  As pessoas acreditaram na VALE e para cá trouxeram suas vidas.

Encerrando, vemos pasmados, todo dia uma parada na portaria da VALE na Cidade Nova. Cadê os inteligentes que nem sequer percebem o murmurar dos peões? Porque não se sai na frente e costura um amplo acordo com todas as empreiteiras, diretamente com as novas lideranças, para se dirimir todas as pendências, resolvendo-as?

Não será a queda de preço da tonelada métrica e a queda de consumo do motor chinês que esta  fazendo a VALE perder o foco, ao permitir que erros tão primários aconteça, comprometendo sua imagem de empresas seria em todo o mundo.
Mais uma vez peões sem liderança pararam a portaria. Hoje foi  a UTC, amanha será quem? 

quarta-feira, 27 de junho de 2012

MOVIMENTO URBANO, QUESTÕES SOCIAIS E TRABALHO

Porque um protesto na portaria da VALE, para toda uma cidade em Carajás.


Falamos sempre e temos convicções que Parauapebas é uma cidade rica, que experimenta um assombroso crescimento, que tem renda de exportação maior que São Paulo, que isto e aquilo e esquecemos o essencial: os seres humanos que vivem aqui.
Não temos uma UTI preparada para hemodiálise, justo aqui, numa área de água contaminada e de fortes tendências a acidentes tendo um ambiente de risco 4 dentro de nossas fronteiras. Possuímos um sistema de transito caótico e incompetente, uma turba violenta e sem controle, um aparato de segurança assassino e autoridades complicadas, sem compromisso e enroladas. Nem as clinicas particulares conseguem atender a demanda assustadora de pacientes que as lotam, aguardando por uma consulta, mesmo pagando os caros planos de saúde exigidos por Carajás. O sistema de saúde publica não funciona, esgotou, não há médicos, e no SESP pode-se aguardar até um dia e uma noite por atendimento de urgência. Que orgulho temos desta cidade e de seus recursos de exportação ou fortemente centralizados?
Ontem sentimos na pele a importância que os acontecimentos de Carajás tem para nos. Quase esquecemos que a VALE é nossa razão de aqui estar, todos nós, queiramos ou não. É a mineradora a razão de todo e qualquer investimento, tese, sucesso ou fracasso aqui. Quando insatisfeitos com algo, por qualquer motivo, vamos parar a portaria da VALE e assim paramos a cidade inteira. Não entendemos como pessoas tão capacitadas em seus discursos e ações, possam não ter estratégias sobre o óbvio. Se quisermos parar a mina e Parauapebas, vamos parar a portaria da VALE, centro nervoso, econômico e social desta cidade.
Então, ao menos deveria se ter um plano social para evitar as aglomerações e ações nesta portaria. Não temos, nunca teve. Toda e qualquer decisão sobre nossa cidade, vamos trazer especialistas de fora para resolver. Cobram caro, quando chegam aqui, não resolvem. Não resolvem porque não conhecem perfil sociografico, história, estratificação social, relações interpessoais de aglomerados urbanos como nós somos. Temos especialistas aqui, e não são solicitados porque estas relações burras e antigas não permitem. Os grupos de poder estão perdidos porque são antigos, não querem renovar suas relações, resgatar outras. A VALE tem sido, pelo seu papel central neste processo a mais antiga, não relaciona com ninguém aqui, apenas com os grupos corruptos e de poder. Não enxerga além.
 
Nos últimos vinte anos, as lideranças sindicais são as mesmas. São sindicatos de tudo, não reservam atenção ou estudos para os diversos setores profissionais que abrigam. Um sindicato de construção civil não pode representar um soldador ou eletricista da mina de ferro. Um sindicato de metalúrgicos jamais poderia representar mineiros, se formos generalizar. Então não representam ninguém e assim, possuem carta branca para negociatas, acordos e financiamentos pessoais. A massa bruta, os peões que dão sangue, coração, saúde e vigor para fazer do Brasil o maior exportador de minérios de ferro do mundo, de fazer da VALE a maior mineradora do mundo são tratados como podres: uma policia violenta e despreparada, a prender peões por desacato a autoridade quando recusam, em suas  blits absurdas a procurar bandidos onde so tem peões a descansar e tomar um gole, e humilhação das revistas e mãos na parede, a falsos médicos que sequer tiram pressão e olham para seu paciente, mesmo recebendo por seu serviço, a hospitais sujos, com pessoal arrogante, despreparado  e furiosos, a sanha enriquecedora de empresas vitimas de licitações e cotações autoritárias. E sobretudo a ira desgraçada de políticos que sequer merecem comparações com qualquer elemento da natureza e que ficam perplexos o tempo todo, de queixo caído ante as possibilidades de fazerem algo e que preferem encher seus próprios bolsos.
Assim vemos nossa Parauapebas caminhar para o desespero. A Nova Usina pecou sim, ao deixar um problema grave ganhar as proporções de ontem. Fortes sinais e indícios que algo não ia bem  já na quinta feira dava para preocupar. O sistema de proteção social da VALE errou feio, nem sei se este monstro tem algum sistema de proteção social. Patrimonial tem, nesta cidade não temos pessoas, mas patrimônio, objetos, bens, posses. Os sindicatos nem sabiam do que estava acontecendo e certamente acreditaram que podiam controlar e dominar a revolta dos peões. Todos perderam, a cidade perdeu. Ficamos parados quase toda a manha, como convencer tantos homens que tudo vai bem quando cada um sabe da mentira?
 
A VALE precisa de uma nova estratégia de gestão social. Não é contemplar ONGs ou associações e sindicatos, mas ela própria ter como intervir nas condições subumanas que seus peões sofrem em Parauapebas. Um minério manchado de sangue, desonra e incalculáveis sacrifícios ambientais esta sendo vendido para todo o  mundo. Precisamos do hospital do núcleo para ajudar a salvar vidas. A VALE precisa urgente tirar a portaria da cidade nova, desviando o acesso a mina por outra entrada, deixando a saída por aqui, não altera a rotina de ninguém. A prefeitura precisa repensar o sistema de trafego de Parauapebas. Investimentos em infraestrutura, novas vias, sistemas eficientes de controle de transito. Precisamos tirar o trafego da PA do centro de Parauapebas. Os caminhões que entram na cidade apenas para apanhar documentos e seguirem para Canaã, podem ser atendidos em escritórios VALE fora da cidade.
E quem vai ouvir os peões? Esta esgotado este modelo sindical, a força dos trabalhadores é colossal e esta livre, selvagemente livre. Os políticos não a podem  alcançar, não entendem quem trabalha. A policia não tem as competências. O estado é ausente. As empresas são cegas demais, estão perdidas em seus custos e  controle e a VALE tem preocupações de sobra no Canadá, na Austrália, na China e outros. Quem vai ouvir e ordenar as demandas dos peões? Ontem foi apenas um sinal dos novos tempos.
Bancos, casas lotéricas, hospitais, serviços incompetentes, atenção. Uma fotografia foi tirada ontem e amanha podem estar sua parede. Vamos andar com os tempos modernos das mídias sociais, da comunicação turbinada por celulares e da oferta massiva de vagas, sem a contrapartida da mobilidade de mao de obra. FALA PEAO!

Voltando ao consorcio Nova Usina, trata-se da problemática de mais um consorcio. Todos geram problemas para nossa cidade. Não sei, talvez desencontros internos, gestão, planejamento. Mas o fato é, todos os consórcios que trabalham ou trabalharam em Carajás, Salobro ou Sossego, trouxeram problemas e os deixaram aqui quando se foram. São reflexos de sua imobilidade frente as frenéticas mudanças e alterações contratuais que a VALE exige e renova. Os consórcios padecem da agilidade das empresas normais. Parauapebas não pode pagar eternamente por falhas segregadas de empresas visitantes. Mas outras empreiteiras estão enfrentando os mesmos problemas. Com o numero crescente de obras por todo o Brasil, já houve uma alinhamento para cima nos salários de todos os trabalhadores. Em todas as praças, os salários estão mais consistentes. Em Parauapebas  não. Mas a Rádio Peão, a emissora mais poderosa do Brasil, esta com o noticiário em aberto, comentando os próximos acontecimentos. Os sindicatos não estão  a ouvir, as empresas estão surdas e a VALE não se importa mesmo. Teremos movimento, e dos grandes. Ninguém suporta estes salários de fome mais, há serviço em todo canto do país. PEOES EM MOVIMENTO!

VEJA MAIS FOTOS DA PARALISAÇÃO DA PORTARIA DE CARAJÁS: