quinta-feira, 28 de junho de 2012

GESTAO EM XEQUE

PORQUE O MODELO DE GESTÃO DA VALE  EM PARAUAPEBAS ESTA  EM XEQUE




É do nosso conhecimento  que a sociedade organizada, as empreiteiras,  a cidade de Parauapebas e a própria  cúpula da VALE já entenderam que precisa haver mudanças no modelo de gestão de sua cadeia de suprimentos de serviços.  Numa relação caracterizada pela arrogância e excessivo exercício de poder, refletido nos contratos draconianos que todos os servidores são obrigados a assinar, a VALE  privatizada peca em diversos aspectos, originando um custo adicional para todos, especialmente Parauapebas. Não estamos falando da agenda tributária, esta é legal e obrigatória. Estamos falando da agenda social, humanitária, comercial e de valorização do ser humano. Não vamos abordar aspectos ambientais, ainda não, voltaremos neste tópico em momento apropriado.


Ao arrochar as empreiteiras em valores e custos impraticáveis no estado do Pará, a VALE esta criando, com total responsabilidade porque é uma empresa transnacional e que gera lucros crescentes e espetaculares para seus acionistas, uma situação insustentável do ponto de vista econômico, social e humanitário. Senão vejamos:

Econômico
Com salários vergonhosos para o padrão atual nacional, a VALE exige das empreiteiras um custo mínimo, ao mesmo tempo que patrocina uma serie de benefícios sociais e econômicos para seus funcionários. Assim as empreiteiras tem que gerir contratos e pessoas, constantemente confrontados com sua situação limite. Não podem aumentar salários, senão não conseguem auferir resultado de sua prestação de serviços




São 9:34 -  a portaria da VALE em Parauapebas esta ocupada, desde as 5 horas da manha. Os sindicatos estão mortos. São sindicatos de tudo, portanto  estão relativamente isolados e/ou comprometidos com a política da VALE em Carajás. Ou seja, diversas categorias profissionais, representadas por apenas três sindicatos. Assim se vê, soldadores sendo representados com técnicos de segurança e assim vai. Não dá. Não é possível estabelecer parâmetros de renda, para categorias tão diversas. Precisamos chamar mais atores para o palco das negociações e dos acordos coletivos. Precisamos de mais estudo e analise econômica para subsidiar salários e benefícios. Alias percebemos ao longo destes 20 anos que estudamos esta relação, VALE x trabalhadores, que nunca esteve tão delicada a formatação das contratações e salários. A própria VALE gaba-se de  que, com apenas uma hora trabalhada, seus peões paguem o próprio salário mensal (citar a fonte). A lucratividade é imensa. 

Mesmo porque, com o viés financeiro dado as operações da mina, a VALE se tornou muito valiosa. As transações econômicas envolvendo VALE nas bolsas do mundo são espetaculares. Quem ganha realmente hoje com a VALE nunca pisou numa mina, não sabe o que é arriscar a vida cotidianamente para ganhar a vida. E, de forma parca, resumida, pequena.  Não se tem rede bancaria decente as portas da mina. O peão recebe em contas, onde os bancos exigem um comprovante de endereço. Como a maioria é do Maranhão, portanto não tem residência com comprovante em seus nomes, são impedidos ou tem que retornar dezenas de vezes aos bancos. Aqui o Bradesco tem a ousadia de exigir a assinatura do contrato de locação presencialmente, num claro abuso de poder econômico. O peão tem que levar  o dono de seu condomínio ao banco ou ao cartório para assinar a declaração de residência. Isto para uma simples abertura de conta, para recebimento dos salários. É muita humilhação. Um banco do porte do Bradesco! Mas no Pará tudo é possível. E é muito fácil burlar este documento. A rigor não entendemos qual o valor atribuído pelo Bradesco a esta ida do proprietário ao cartório. O peão pode entregar o endereço hoje e mudar amanha, ou pode nem mesmo estar neste endereço.

Com a expansão econômica brasileira, vieram as diversas frentes de obras, as obras da copa, das olimpíadas, do PAC e tanto outras. A mao de obra, fortemente discriminada racialmente, com clara e superior ocupação em todos os cargos por pessoas de pele clara (alias, o governo precisa intervir neste quesito, temos elementos para acreditar que há na verdade um apagão de mao de obra de brancos. Há um enorme e significativo numero de pessoas de cor desempregada. Pessoas preparadas, com certificados e grau de instrução exigidos. As empresas não tem mais opção, precisam contratar negros e mestiços. Em Parauapebas, basta olhar nas filas do desemprego e nos ônibus da mina. Alias, qual a proporção das etnias na estrutura da VALE, uma empresa notadamente racista nas contratações?

Assim, vemos as empreiteiras parando na portaria da VALE em Parauapebas. Na verdade parando toda a cidade. As reivindicações, as mesmas de todo o ano: melhores condições de trabalho, melhores salários, melhor assistência social. Cada semana pára uma empresa. Os trabalhadores revoltados, sem liderança e sem direção. O que será das operações da mina de ferro em Carajás?

Social
Parauapebas é a Idade Media.  Apartir da portaria da VALE, que considero o marco zero da localidade, em qualquer direção que você for, em cinco minutos estará na Idade Media. Na própria Cidade Nova, local da portaria, não há água encanada. O sistema de esgoto é precário, não há hospitais que funcione, nada. Apenas as clinicas de saúde ocupacional estão faturando e ostentam aparência de lucro. O transito é caótico, há esgoto correndo a céu aberto. Em qualquer direção, por cinco minutos de carro, você verá fatos muito piores. Não há esgoto na cidade. O sistema de água foi feito pelo Chico das Cortinas, em 1996 e cobre menos de 10% da planta urbana.  As ruas são estreitas e mal planejadas. O canteiro central foi ocupado pela própria prefeitura, inutilmente. Não há lixeiras. Afastando um pouco mais, os loteamentos caríssimos tomaram conta da paisagem. A Buriti, loteou uma nova Parauapebas, sem compromisso de um metro de esgoto, um asfalto decente e um sistema de iluminação. Neste momento o endividamento na cidade é altíssimo, pressionando os salários para cima. O único hospital público esta em construção há oito anos e nem sinal de quando ficará pronto.

Os postos de saúde funcionam precariamente e as clinicas particulares não tem médicos suficientes. Nao há mercadorias nas lojas, no volume do consumo local. Os aluguéis são caríssimos e as habitações mal construídas, quentes, abafadas e mal acabadas. Os hotéis, sempre lotados,  tem seus preços nas nuvens. Se um familiar do peão adoecer ou se acidentar, vai morrer. Não tem uma UTI neonatal ou máquina de hemodiálise na região. A indústria da invasão é agenciada pelo próprio prefeito. Não há compromisso com o meio ambiente, haja visto a destruição das nascentes, encostas e mananciais, patrocinados pela expansão imobiliária. Morros são arrasados, encostadas destruídas e habitadas, ruas se acotovelando nos morros, praças e jardins abandonados.
 Não há lazer, apenas igrejas e bares. Um ou outro. A comida é cara, assim como os medicamentos e todo o básico para sobreviver. O que se ganha em Carajás, Sossego, Salobro e Bahia é muito pouco, em relação a media nacional. Os peões estão isolados, não há representatividade, os sindicalistas são pragmáticos e querem ganhos pessoais imediatos, as empresas desconhecem os custos reais para se operar no Pará e burras, não contratam consultorias de foco para orienta-las na composição de preços no local das obras. Não se conhece a cultura VALE para seu supllay chain.  A VALE precisa ajudar a construir Parauapebas. É de sua responsabilidade social sim, no meio da selva amazônica, ajudar a manter uma cidade que surgiu para servi-la. Nossos problemas explodem dentro da mina e mancham o minério exportado para o mundo.

Humanitário
É um apelo internacional. Os governos que consomem o mineiro de Carajás precisam conhecer melhor as condições de exploração desse material: Seus custos, visíveis e invisíveis, a total falta de sensibilidade da VALE para com o lado humano das pessoas. Uma cidade onde  tamanha riqueza é gerada, conviver com níveis alarmantes de miséria e isolamento?

Como a VALE permite uma gestão municipal incapacitada e inoperante? Como maior mineradora do mundo e com suas marcas de excelência de gestão, a VALE poderia tentar treinar e compartilhar conhecimento administrativo e financeiro com o executivo municipal.  Como empresa compromissada com o social, influenciaria na aplicação correta dos bilhões que são repassados anualmente para uma cidade que falta de tudo.

Questão humanitária porque há milhares morrendo todos os anos em razão direta da falta de leitos hospitalares, de falta de saneamento, de esgoto e água tratada, de médicos  e de hospitais minimamente capacitados. Humanitário porque, se houver problemas de rins e sangue, apenas em Marabá (quando há vaga no SUS) ou Belém. Perdemos  Arivaldo ano passado, por falta justamente de uma UTI com hemodiálise. Quantos são perdidos por ano? Humanitário porque são pessoas que importa. O homem é o centro do processo.  As pessoas acreditaram na VALE e para cá trouxeram suas vidas.

Encerrando, vemos pasmados, todo dia uma parada na portaria da VALE na Cidade Nova. Cadê os inteligentes que nem sequer percebem o murmurar dos peões? Porque não se sai na frente e costura um amplo acordo com todas as empreiteiras, diretamente com as novas lideranças, para se dirimir todas as pendências, resolvendo-as?

Não será a queda de preço da tonelada métrica e a queda de consumo do motor chinês que esta  fazendo a VALE perder o foco, ao permitir que erros tão primários aconteça, comprometendo sua imagem de empresas seria em todo o mundo.
Mais uma vez peões sem liderança pararam a portaria. Hoje foi  a UTC, amanha será quem? 

quarta-feira, 27 de junho de 2012

MOVIMENTO URBANO, QUESTÕES SOCIAIS E TRABALHO

Porque um protesto na portaria da VALE, para toda uma cidade em Carajás.


Falamos sempre e temos convicções que Parauapebas é uma cidade rica, que experimenta um assombroso crescimento, que tem renda de exportação maior que São Paulo, que isto e aquilo e esquecemos o essencial: os seres humanos que vivem aqui.
Não temos uma UTI preparada para hemodiálise, justo aqui, numa área de água contaminada e de fortes tendências a acidentes tendo um ambiente de risco 4 dentro de nossas fronteiras. Possuímos um sistema de transito caótico e incompetente, uma turba violenta e sem controle, um aparato de segurança assassino e autoridades complicadas, sem compromisso e enroladas. Nem as clinicas particulares conseguem atender a demanda assustadora de pacientes que as lotam, aguardando por uma consulta, mesmo pagando os caros planos de saúde exigidos por Carajás. O sistema de saúde publica não funciona, esgotou, não há médicos, e no SESP pode-se aguardar até um dia e uma noite por atendimento de urgência. Que orgulho temos desta cidade e de seus recursos de exportação ou fortemente centralizados?
Ontem sentimos na pele a importância que os acontecimentos de Carajás tem para nos. Quase esquecemos que a VALE é nossa razão de aqui estar, todos nós, queiramos ou não. É a mineradora a razão de todo e qualquer investimento, tese, sucesso ou fracasso aqui. Quando insatisfeitos com algo, por qualquer motivo, vamos parar a portaria da VALE e assim paramos a cidade inteira. Não entendemos como pessoas tão capacitadas em seus discursos e ações, possam não ter estratégias sobre o óbvio. Se quisermos parar a mina e Parauapebas, vamos parar a portaria da VALE, centro nervoso, econômico e social desta cidade.
Então, ao menos deveria se ter um plano social para evitar as aglomerações e ações nesta portaria. Não temos, nunca teve. Toda e qualquer decisão sobre nossa cidade, vamos trazer especialistas de fora para resolver. Cobram caro, quando chegam aqui, não resolvem. Não resolvem porque não conhecem perfil sociografico, história, estratificação social, relações interpessoais de aglomerados urbanos como nós somos. Temos especialistas aqui, e não são solicitados porque estas relações burras e antigas não permitem. Os grupos de poder estão perdidos porque são antigos, não querem renovar suas relações, resgatar outras. A VALE tem sido, pelo seu papel central neste processo a mais antiga, não relaciona com ninguém aqui, apenas com os grupos corruptos e de poder. Não enxerga além.
 
Nos últimos vinte anos, as lideranças sindicais são as mesmas. São sindicatos de tudo, não reservam atenção ou estudos para os diversos setores profissionais que abrigam. Um sindicato de construção civil não pode representar um soldador ou eletricista da mina de ferro. Um sindicato de metalúrgicos jamais poderia representar mineiros, se formos generalizar. Então não representam ninguém e assim, possuem carta branca para negociatas, acordos e financiamentos pessoais. A massa bruta, os peões que dão sangue, coração, saúde e vigor para fazer do Brasil o maior exportador de minérios de ferro do mundo, de fazer da VALE a maior mineradora do mundo são tratados como podres: uma policia violenta e despreparada, a prender peões por desacato a autoridade quando recusam, em suas  blits absurdas a procurar bandidos onde so tem peões a descansar e tomar um gole, e humilhação das revistas e mãos na parede, a falsos médicos que sequer tiram pressão e olham para seu paciente, mesmo recebendo por seu serviço, a hospitais sujos, com pessoal arrogante, despreparado  e furiosos, a sanha enriquecedora de empresas vitimas de licitações e cotações autoritárias. E sobretudo a ira desgraçada de políticos que sequer merecem comparações com qualquer elemento da natureza e que ficam perplexos o tempo todo, de queixo caído ante as possibilidades de fazerem algo e que preferem encher seus próprios bolsos.
Assim vemos nossa Parauapebas caminhar para o desespero. A Nova Usina pecou sim, ao deixar um problema grave ganhar as proporções de ontem. Fortes sinais e indícios que algo não ia bem  já na quinta feira dava para preocupar. O sistema de proteção social da VALE errou feio, nem sei se este monstro tem algum sistema de proteção social. Patrimonial tem, nesta cidade não temos pessoas, mas patrimônio, objetos, bens, posses. Os sindicatos nem sabiam do que estava acontecendo e certamente acreditaram que podiam controlar e dominar a revolta dos peões. Todos perderam, a cidade perdeu. Ficamos parados quase toda a manha, como convencer tantos homens que tudo vai bem quando cada um sabe da mentira?
 
A VALE precisa de uma nova estratégia de gestão social. Não é contemplar ONGs ou associações e sindicatos, mas ela própria ter como intervir nas condições subumanas que seus peões sofrem em Parauapebas. Um minério manchado de sangue, desonra e incalculáveis sacrifícios ambientais esta sendo vendido para todo o  mundo. Precisamos do hospital do núcleo para ajudar a salvar vidas. A VALE precisa urgente tirar a portaria da cidade nova, desviando o acesso a mina por outra entrada, deixando a saída por aqui, não altera a rotina de ninguém. A prefeitura precisa repensar o sistema de trafego de Parauapebas. Investimentos em infraestrutura, novas vias, sistemas eficientes de controle de transito. Precisamos tirar o trafego da PA do centro de Parauapebas. Os caminhões que entram na cidade apenas para apanhar documentos e seguirem para Canaã, podem ser atendidos em escritórios VALE fora da cidade.
E quem vai ouvir os peões? Esta esgotado este modelo sindical, a força dos trabalhadores é colossal e esta livre, selvagemente livre. Os políticos não a podem  alcançar, não entendem quem trabalha. A policia não tem as competências. O estado é ausente. As empresas são cegas demais, estão perdidas em seus custos e  controle e a VALE tem preocupações de sobra no Canadá, na Austrália, na China e outros. Quem vai ouvir e ordenar as demandas dos peões? Ontem foi apenas um sinal dos novos tempos.
Bancos, casas lotéricas, hospitais, serviços incompetentes, atenção. Uma fotografia foi tirada ontem e amanha podem estar sua parede. Vamos andar com os tempos modernos das mídias sociais, da comunicação turbinada por celulares e da oferta massiva de vagas, sem a contrapartida da mobilidade de mao de obra. FALA PEAO!

Voltando ao consorcio Nova Usina, trata-se da problemática de mais um consorcio. Todos geram problemas para nossa cidade. Não sei, talvez desencontros internos, gestão, planejamento. Mas o fato é, todos os consórcios que trabalham ou trabalharam em Carajás, Salobro ou Sossego, trouxeram problemas e os deixaram aqui quando se foram. São reflexos de sua imobilidade frente as frenéticas mudanças e alterações contratuais que a VALE exige e renova. Os consórcios padecem da agilidade das empresas normais. Parauapebas não pode pagar eternamente por falhas segregadas de empresas visitantes. Mas outras empreiteiras estão enfrentando os mesmos problemas. Com o numero crescente de obras por todo o Brasil, já houve uma alinhamento para cima nos salários de todos os trabalhadores. Em todas as praças, os salários estão mais consistentes. Em Parauapebas  não. Mas a Rádio Peão, a emissora mais poderosa do Brasil, esta com o noticiário em aberto, comentando os próximos acontecimentos. Os sindicatos não estão  a ouvir, as empresas estão surdas e a VALE não se importa mesmo. Teremos movimento, e dos grandes. Ninguém suporta estes salários de fome mais, há serviço em todo canto do país. PEOES EM MOVIMENTO!

VEJA MAIS FOTOS DA PARALISAÇÃO DA PORTARIA DE CARAJÁS:
































sexta-feira, 1 de junho de 2012

O HOMEM DEFORMADO

Ou porque nos submetemos a tanto?
Você realmente precisa levar algo para a mina de ferro? Faça um  checklist e veja se realmente precisa levar alguma coisa que justifique uma mochila: seu uniforme esta limpo, você possui três pares, suas botas estão replicadas no armário e em casa, seu equipamento de segurança esta na mina. O que mais? Ah, seu celular ou smartfone, estão no seu bolso. Que mais? sua garrafa de café, água, lanche? Tudo é servido à vontade, em horários civilizados dentro da mina. Portanto o que precisa esta levando e trazendo todos os dias? NADA. Você não precisa carregar esta famigerada bolsa as costas, todos os dias, te escravizando, tal qual formiga batetora.

Quando começou-se a carregar tudo nas costas para a mina de ferro, as pessoas não perceberam o que poderia advir desse costume idiota e  escravizador. Antes de carregarem as bolsas, os peões saiam do trabalham e iam direto para a diversão, bar, estavam mais livres, com menos tempo submetidos ao  trabalho. As bolsas foram manipulações de Skinner, Paplov e psicólogos do trabalho, especialmente contratados para colocarem mais peias nos peões. Esta mochila, alem de muito feias, te mantém ligado mais tempo no trabalho. Elas funcionam psicologicamente como um freio social. Peão com mochila as costa, esta chegando ou indo para o trabalho e portanto, podem ser mais facilmente rastreados ou observados por seus encarregados, chefes ou patrões.

E peão não é criança, em idade escolar, para carregar materiais à escola. Os peões precisam de sua força física e intelectual apenas no ambiente de trabalho. As demais necessidades, as empresas tem que suprir. 
Skinner e Pavlov são psicólogos do comportamento humano. Os estudos de Pavlov começaram na Rússia, no final do século 19. Ele notou que, apenas ao mostrar um pedaço de carne para um cão e acionar uma luz, o bicho salivava. Quando ele parou de oferecer a carne e apenas acender a luz o cão salivava do mesmo jeito. O único estimulo passou a ser apenas o sinal de luz, o bicho  iludindo-se de que ganharia a carne.  Já Skinner estudou o comportamento de pessoas em relação ao conforto, as comodidades e reações a exposição  social. Concluiu que os humanos podem ter suas reações induzidas por situações nem sempre reais. Que a recompensa é a base de todas as relações humanas e que fazem parte de um time de primeira, lançam mao de artifícios. Alguns deles são uniformes, cestas básicas, planos de saúde, transporte confortável. Tudo com o objetivo de fazer o peão trabalhar, aumentar sua riqueza. Enquanto isto, o peão se endivida, ilude-se com motos, veículos e outros, ficando preso nesta teia odiosa de servir, servir, servir. Quem os controla fica todo o tempo procurando meios de distraí-los, de mante-los unidos e presos a suas fabricas, minas e empresas. Um exemplo é a quantidade de peões que trabalham por sua própria conta e vivem bem.

A mochila, é o novo elo de união, símbolo da moderna escravidão e dos limites impostos a quem se candidata a trabalhar em Carajás.  Esta mochila deformadora, é o sinal  da servidão  dos antigos  e ignorantes homens, sem horizontes ou poder de escolha. Peões, larguem esta mochila em  casa e sejam livres novamente. Ainda lembra do tempo em que todos andavam sem carga? Seguramente esta pensando, mas preciso da mochila. Não precisa. Nunca precisou. Pesquisamos com uma centena de peões o que traziam as costas. Peões que vieram até nos, para matricula e perguntamos, ou melhor, olhamos, abrindo as mochilas: nada, nada. Óculos, capacetes, livros. Então?