Secretaria
determina afastamento de 29 policiais envolvidos em chacina no Pará
- 26/05/2017 17h06
- Brasília
Alex
Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
A Secretaria Estadual de
Segurança Pública e Defesa Social do Pará afastou 21 policiais militares e oito
policiais civis que participaram da operação, na última quarta-feira (24), que
culminou com a morte de 10 trabalhadores rurais
em Pau D'Arco, no sudeste do estado.
Segundo a assessoria da pasta, o
afastamento dos agentes é temporário, em conformidade com uma resolução do
Conselho Estadual de Segurança Pública. Ontem (25), a seccional paraense da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) havia pedido o afastamento dos policiais
envolvidos.
Os agentes entregaram as armas e
deixarão suas atividades por 40 dias, prorrogáveis por mais 20 – tempo
previsto para a conclusão do inquérito instaurado para apurar se houve os
policiais cometeram excessos e apurar responsabilidades.
A chacina ocorreu na última
quarta-feira (24), durante ação policial para cumprir 16 mandados judiciais
expedidos pela Vara Agrária de Redenção (PA) contra integrantes de um grupo de
sem terra suspeito de participar do homicídio do vigilante da fazenda Marcos
Batista Montenegro, no dia 30 de abril.
Os policiais afirmam que foram
recebidos a tiros na fazenda e que, por isso, reagiram. Horas após a operação,
a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública e Defesa apresentaram à
imprensa 11 armas apreendidas na área ocupada pelos sem-terra – entre elas um
fuzil 762 e uma pistola Glock modelo G25.
Na avaliação do presidente do
Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Darci Frigo, que integra a
comitiva federal que chegou ontem à região para ouvir testemunhas e acompanhar
as investigações do caso, não há, até agora, indício que sustente a versão dos
policiais.
“As pessoas estavam acampadas no
meio do mato, em um local de muito difícil acesso. Chovia torrencialmente, o
que pode explicar que o grupo [de trabalhadores] não tenha percebido a
aproximação da polícia. Mesmo assim, o grupo tinha uma vantagem muito grande em
relação aos policiais, pois já estava dentro da mata. Então, a tese de que os
policiais foram recebidos a bala cai por terra na medida em que não houve
sequer um policial ferido”, disse Frigo em entrevista à Agência Brasil.
De acordo com o presidente do
Conselho Nacional de Direitos Humanos, pelo menos um trabalhador sobreviveu à
chacina. Alvejado pelas costas, ele está internado e sob proteção da Polícia
Federal.
Entre os mortos, sete pertencem à mesma família
- entre eles, a presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais de Pau
D'Arco, Jane Júlia de Oliveira, e seu marido, Antonio Pereira Milhomem.
Edição: Lílian
Beraldo