Carnaval
vai render R$ 6,78 bilhões ao país, estima CNC
Contratação de trabalhadores temporários deve
aumentar 23% no período
Publicado
em 15/02/2019 - 17:58
Por Alana
Gandra - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
O carnaval brasileiro deve render
este ano R$ 6,78 bilhões ao país. Segundo pesquisa divulgada hoje (15) pela
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), esse
número aumenta em 2% em termos reais (descontada a inflação) a receita dos
serviços de turismo no Brasil. Será a primeira vez, desde 2015, que o país terá
resultado positivo: em 2016, foi de -12,7%; em 2017, - 6,6%; e, no ano
passado, de -0,5%.
Carnaval gera milhares de empregos temporários e atrai turistas de todo
o país e do exterior - Arquivo/Agência Brasil
A pesquisa da CNC mostra também
que o turismo, em janeiro e fevereiro, vai gerar 23,6 mil postos de trabalho
temporário por causa do carnaval, em áreas como transporte, hospedagem,
alimentação, no país como um todo. Será o maior contingente de temporários
contratados desde 2014, quando foram abertas 55,6 mil vagas desse tipo. Naquele
ano, dois fatores explicaram o elevado número de postos temporários: o carnaval
foi em março e houve também eventos preparatórios para a Copa América de
Futebol, em junho.
A contratação de 23,6 mil
temporários no carnaval deste ano representa alta de 23,4% em relação ao mesmo
período do ano passado (19,1 mil vagas). O segmento de serviços de alimentação,
com 18,4 mil vagas ofertadas, deve responder por 78% das oportunidades criadas
para o carnaval.
De acordo com o economista-chefe
da CNC, Fabio Bentes, três fatores contribuem para tal crescimento. O primeiro
é a base comparativa muito fraca porque houve três anos consecutivos de queda
na receita do turismo, e qualquer reação vira rapidamente um número positivo.
"A gente está vendo isso nos dados do comércio e de serviços”, disse Bentes,
ao lembrar que atividades de turismo são atividades de serviços.
O segundo ponto é o dólar com
valorização de cerca de 20% em relação à cotação no carnaval passado. Dólar
mais alto leva o turista nacional a desistir de pacotes no exterior e acaba beneficiando
o turismo doméstico. Para o turista estrangeiro, que tem a moeda valorizada, o
carnaval é uma boa oportunidade de conhecer o Brasil. “Fica mais barato para
ele.” A inflação baixa também favorece o fluxo interno de turistas e ajuda o
setor a crescer, acrescentou Bentes.
O terceiro fator gerador de uma
maior movimentação financeira para o turismo brasileiro no carnaval é o
comportamento dos preços. Bentes explicou que, em função da recessão, ainda
recente, e da dificuldade de resgatar o consumo de serviços não essenciais, o
setor de turismo está apresentando uma dificuldade grande de repassar qualquer
aumento de preço para o consumidor final. Segundo o economista, a inflação dos
serviços associados ao carnaval este ano está em torno de 3,3%, menor taxa
desde 2012, quando o levantamento começou a ser feito pela CNC.
“Essa conjunção de fatores não
permite ao setor de serviços de turismo comemorar muito o carnaval deste ano.
Mas, de qualquer forma, é a primeira vez, em três anos, que o setor vai experimentar
um aumento real de receita”. Bentes ressaltou que o setor de serviços sofre
muito com crises econômicas e demora a reagir. O turismo foi o último setor a
sair da crise. Os demais (agricultura, comércio, indústria) já saíram. “O setor
de serviços turísticos está tendo a oportunidade de sair agora [da crise]”.
Receita
O economista-chefe da CNC
destacou que alimentação fora de casa, com destaque para bares e restaurantes;
transporte rodoviário, e serviços de alojamento em hotéis e pousadas
responderão por mais de 84% do total da receita de R$ 6,78 bilhões que o
carnaval vai produzir. Em valores, os três segmentos resultarão em R$ 4,1
bilhões, R$ 859,3 milhões e R$ 774,3 milhões, respectivamente. “O gasto com
alimentação é concomitante com o feriado, enquanto as reservas em hotéis e
pousadas são feitas antecipadamente”, esclareceu Bentes.
Regiões
Em termos regionais, a pesquisa
revela que os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo deverão apresentao os
maiores faturamentos no feriado prolongado do carnaval, estimados em R$ 2.094,3
bilhões e R$ 1.895,9 bilhão, respectivamente. Segundo Fábio Bentes, são estados
que atraem mais turistas, no caso do Rio, ou que exportam mais turistas para
outras regiões, como ocorre em São Paulo. “Isso movimenta as empresas de
serviços nesse período do ano”.
Juntos, os dois estados serão
responsáveis por 62% da movimentação financeira no período do carnaval. Em
terceira e quarta posições aparecem Minas Gerais, com receita de R$ 615,5
milhões, e Bahia, com R$ 561,9 milhões.
Preços
Bentes informou que os preços dos
bens mais demandados no carnaval subiram 11,1% em 12 meses, por causa do
aumento dos combustíveis, entre os quais óleo diesel (21,8%), gás veicular
(19,9%) e gasolina (18,6%). Já os preços dos 17 serviços mais consumidos nessa
época tiveram alta de 4,3%, abaixo da média histórica para o período.
O economista destacou ainda a
queda de 1,7% no item excursões. As diárias médias dos hotéis e pousadas
subiram 2,6%; os preços de bens e serviços demandados durante o carnaval evoluíram
6,9%, superando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), cujo período
de coleta abrange, em geral, do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de
referência. A inflação medida pelo IPCA-15 dos últimos 12 meses findos em
janeiro foi da ordem de 3,9%.
Edição: Nádia
Franco
Tags: carnaval
turismo CNC
emprego temporário