Analfabetismo
funcional: o que essas palavras têm a ver com seu emprego?
Publicado
há 3 dias - em 24 de março de 2016 » Atualizado às 8:56
Categoria » Educação
Categoria » Educação
Todo mundo (ou a esmagadora maioria das pessoas)
concorda que estudar é importante para melhorar de vida e que um país
desenvolvido não pode prescindir de boa educação. No entanto, você já parou
para pensar por quê?
Por Karina
Yamamoto, do UOL
E não adianta mais “só” estudar
bastante. Além de saber os conteúdos, é necessário desenvolver
características que nos permitam entender essas mudanças para solucionar os
problemas. Acontece que tudo começa com aprender a ler e a escrever.
“Grande maioria das informações
para compreensão de mundo vem do contexto escrito”, explica Ana Lúcia Lima,
diretora executiva do IPM (Instituto Paulo Montenegro), uma instituição ligada
ao Ibope que trabalha com a definição e a mensuração do analfabetismo funcional desde 2001.
Antigamente, o
analfabeto era aquele indivíduo que não era
capaz de ler e escrever um bilhete simples, um recado
e essa definição ainda é utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). Há dez anos, existe um outro conceito, que é o analfabeto
funcional — ele até sabe ler e escrever esse bilhete simples, mas não consegue
usar as instruções de um manual na vida prática, por exemplo.
O que
isso tem a ver com seu emprego
O último estudo do IPM traz que
27% dos brasileiros são analfabetos funcionais — pessoas com idade entre 15 e
64 anos, ou seja, uma população que está no mercado de trabalho. Outro
dado é que apenas 8% da população é plenamente capaz de ler,
compreender e elaborar textos de diferentes tipos, além de se
entender bem com os números. Os números são ruins.
Bom, há duas consequências que
ajudam a entender por que o analfabetismo funcional deve ser combatido levando
em conta os empregos e a economia.
Cerca de 7 milhões de empregos devem ser
eliminados nos próximos 5 anos por causa das transformações da
chamada “quarta revolução industrial”. Ou seja, se não
estivermos preparados, nós podemos estar nesse grupo de futuros
desempregados.
A segunda consequência é a falta
de competitividade do país no cenário internacional, algo que tem a ver com a
produtividade do brasileiro. Para se ter uma ideia, um trabalhador
norte-americano produz o equivalente a quatro brasileiros.
Por exemplo, apenas 22% dos
diretores e gerentes nos setores público e privado (especialistas de nível
superior) são proficientes. Na situação ideal, um indivíduo chegaria a esse
nível de alfabetismo ao final do ensino médio. Ou seja, seria necessário que
garantir o nível “proficiente” a todos os brasileiros com 12 anos de
escolaridade.
Para Lima, o primeiro passo está
dado: diagnosticar. O estudo “Alfabetismo no mundo do trabalho”, divulgado na
segunda quinzena de fevereiro, traz informações sobre a distribuição dos analfabetos
funcionais nos setores produtivos da economia e nos tipos de cargos dentro da
hierarquia das instituições.
O estudo foi conduzido pelo IPM
(Instituto Paulo Montenegro) e pela ONG Ação Educativa. No
conjunto, foram entrevistadas 2002 pessoas entre 15 e 64 anos de idade,
residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país.