Plataforma
de direitos humanos prepara relatório sobre violência policial no Rio
- 09/09/2017 12h02
- Rio de Janeiro
Akemi
Nitahara – Repórter da Agência Brasil
A Plataforma Dhesca Brasil deu início hoje (9) no
Rio de Janeiro a uma missão de quatro dias para investigar a situação da violência
policial em favelas do Rio de Janeiro. A entidade reúne 40 organizações da
sociedade civil nas áreas de direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e
ambientais.
De acordo com a representante da
Justiça Global e da Plataforma Dhesca, Melisandra Trentin, até o dia 12, ela e
o relator da missão no Rio de Janeiro, Orlando Santos Junior, visitarão favelas
do Complexo do Alemão para se reunir com ativistas, representantes de
movimentos comunitários, mães e parentes de vítimas do Estado.
Segundo Melisandra, hoje o tema
abordado é o impacto da violência na educação. “Como a violência policial tem
rebatimento na educação, porque com os tiroteios as crianças não podem ir à
escola, não indo à escola elas perdem a vaga e as famílias perdem o benefício
do Bolsa Família. Estamos na Vila Olímpica do Alemão, fazendo um grupo para
essa discussão”.
Santo Junior produzirá um
relatório sobre o Impacto das Políticas Econômicas nos Direitos Humanos no
Brasil.
O objetivo, segundo a Justiça
Global, é "evidenciar as consequências das políticas econômicas de
austeridade adotadas pelo Brasil a partir de 2014 em diversas áreas, como a de
segurança pública”. Ele abordará também o caso específico de Rafael Braga,
único preso dentro do contexto dos protestos de 2013 que ainda continua na
cadeia.
Na segunda-feira, serão feitas
duas reuniões, envolvendo organizações e parentes de mortos de outras favelas.
“O território em foco é o Alemão, mas a gente sabe que essa lógica da violência
policial, da militarização acontece também em outras favelas aqui do Rio de
Janeiro. Vamos reunir militantes de favelas que já atuam nos temas de direitos
humanos e outra com familiares de vítimas fatais, com uma representatividade um
pouco mais ampla”, explica Melisandra.
A Plataforma Dhesca realiza mais
quatro missões atualmente: sobre os conflitos no campo e a política de reforma
agrária, em Goiás, no Pará e em Mato Grosso; sobre a situação dos povos
indígenas e da Fundação Nacional do Índio (Funai), no Maranhão e no Pará; sobre
a população em situação de rua e as políticas públicas específicas, em São
Paulo e no Paraná; e a tríplice epidemia, tratando da falta de assistência às
mulheres e mães de crianças com microcefalia, relacionada às dificuldades do
Serviço Único de Saúde (SUS) e do Plano Nacional de Saneamento Básico, em
Pernambuco.
O relatório final trará
recomendações ao governo federal e será usado para levar o debate para espaços
nacionais e internacionais.
Edição: Lílian
Beraldo
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